sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A imutabilidade da morte.

Estava de pé
Mas seus pés
não tocavam
O chão

à sua frente
um caixão
escrito em letras
garrafais:

"FUI, NÃO VOLTO MAIS."

morreu!

e eu sei que isso
é muito triste
mas nem
por um palpite
uma lagrima escorreu

naquele dia ninguem chorou
todos de lá sabiam
chorar não mudaria
o que o destino escolheu

nem mesmo ela
que a sua vida a ele
dedicara

Nem a nuvem que o fitava
Nem o céu , o sol
Nem nada.

Jair Fraga V. Neto

Carta à Olga n°2

Porque choras, menina?
O sol nem bem se pôs no japão
Pode ainda em breve aquecer suas ideias
Posso ainda dizer, se me permites
Que tu é quem renega o que dizes teu coração
E qual touro em torneio
Tu tens chifrado o teu próprio destino

Óh pobre menina,
Não te rotules , que este rotulo
É quem te finda.

Jair Fraga V. Neto

O Risco

"Tu te chamarás coragem
Porque além dela
Tu terás astúcia"

Mas,
Não foi isso que meu pai me disse
Não foi...

E nem por isso
Eu nasci medroso

A verdade é
que o seguinte
ele me disse:
- Arrisca-te
Tal qual um risco
Quando se põe
Em pauta

E logo eu saí riscando
e de tanto arriscar o risco
Nessa pauta viva
Que se chama vida

Hoje eu sou poeta

Poderia ao menos ele ter me dito:
Cuidado
Teu risco também é o teu laço
Que te amarra, que te amarra...


Jair Fraga V. Neto

Sobre duendes , fadas e objetos falantes

Não adianta tentar
Acariciar a cabeça
Da mula sem cabeça
E nem tocar na perna
Que o Saci não tem
Eu já cobicei o olhar
Do olho de vidro
Mas o individuo
Nem olho tem

Hoje a parede falou comigo
Disse que a língua da fechadura
Anda fazendo fofoca
- Pouco me importa
A porta do armário -
A minha fantasia
Eu escondi a sete chaves
E não há fadas nem duendes
Na latrina

E por falar em folclore
Bicho papão existe, crianças
E é o bicho que sempre chega pro almoço
Ou pra janta, abre sua geladeira
Bebe sua geladeira e ainda pensa
Em comer sua mulher,
Vê se pode!!?

Dentre as criaturas folclóricas
A que me causa mais espanto
É o tal do curupira
Posto que ele não anda ao contrario
Tem pés ao avesso, mas da passos certos
E nele fica implícito o seguinte:
"Não importa a envergadura do seu pé
Mas sim as pegadas que deixa"

Mas se achares que esse papo é louco
Sinto em dizer que tenho mais um pouco
O mundo dá voltas.
Foi o ventilador que falou
Em mais uma de suas conversas
Com o liquidificador

Jair Fraga V. Neto

Praga Morta

Não me praguejes
Com essa praga morta
O que não me importa
Também não me atinge
E não me venhas
Com esta reza torta
A tua sorte é que
Minha fé resiste

Se não existe em ti amor humano
Já não me importo qual é o teu palpite

Jair Fraga V. Neto

sábado, 24 de setembro de 2011

Meu querer

Não quero que me queiras como quero
Pois este meu querer sempre foi meu
É ele como a lua no sertão
Que rompe o véu e
Aumenta a madrugada

Mas ele para ti é nevoada
Que surge por acaso no horizonte
Que cobre, embaça e cega tua fronte
Te trás temor e medo de verdade
De um dia consumir-se e costurar-te
E acabar com aquilo que mais preza
A branda e suave liberdade

O meu amor tal qual uma moto serra
Pode triturar a tua sorte
Mas também dar forma a esperança
De um dia dançar livre qual criança
E viver bem longe da cidade

O destino tal qual uma aranha
Tece a própria teia e surpreende
E eu não interrompo, só anseio
Continuo a viver só de rodeio.

Jair Fraga V. Neto

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Extremo

é duro ser extremista
e só ver os dois extremos
se não for rock, é emo
e assim se forma o ser racista

...entre o branco e o negro
há de ter o meio termo
mas quem consegue ver?

só os olhos de Deus

(Jair Fraga)

Frio

Quando o tempo é frio,
O vinho, é tinto
Tapa-se buracos
Com retratos
Joga-se o passado
...Na lareira

E se esquenta assim
Como se deve
(Jair Fraga)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Tangente

São edificadas cordas que me ligam a você
Seus sotaques, suas notas, são sonatas e respostas
Que o poeta pôde ver
São enumeradas cores que compõe a nossa arte
Nosso acordo e retorno e tudo aquilo que faz parte
É tão forte quanto o fogo , e tudo isso que lhe digo
Meu amor, é muito pouco, to até ficando louco
Por tentar nos descrever

Eu quis compor o nosso amor no seu vestido
E destilar versos a mais na sua libido
Eu quis reler e escrever nas entrelinhas
Sem te tocar compondo estórias de carochinha
Eu quis andar e por amar plantei sementes
E as sementes já estão virando flores
E eu to cantando esses versos que não mentem

Mas o que me da prazer, é o que não pude ver
É o que está oculto nos grandes mistérios
No tatuar das curvas lindas do seu corpo
Nos seus gemidos, sustenidos, meu deleite
Com tudo isso, meu amor, eu sigo em frente
Pois toda curva sempre tem a sua tangente

E da sua curva, a tangente sou eu !
Sim , sou eu !

Jair Fraga

Volta felicidade!

Não sei o que fazer com tanta tristeza
Andei procurando debaixo da mesa
A felicidade na realidade não estava lá

Será que partiu por rio ou por mar
Ganhou oceano e pro meu piano
Não quer mais voltar?

Você que me ouve , lhe dou recompensa
Andei procurando na minha despensa
Mas a felicidade não estava lá

(Jair Fraga)

Quando o touro morreu…

Quando o touro morreu
Coração inconformado
A vaca ficou bolada
Triste e desiludida
Ficou com medo da vida
E também faleceu

A galinha que ciscava
Em meu quintal
Coitada, passou mal
Pois pensava que era ela
Tão frondosa e tão singela
A próxima a cair na panela

O carneiro foi diferente
Morrendo de medo da morte
Não abusou de sua sorte
E simplesmente escafedeu

Logo foram todos meus animais
Até o pobre do meu cachorro
Mostrou-se o mais racional
Foi-se a noite invisível
Temendo não ser nada insubstituível

Agora estou eu na fazenda
Chorando perdas e danos
Sozinho apenas me lembro
Deste triste engano
Eles nem pensaram
Que sou vegetariano

(Jair Fraga)

Fora desta alma de poeta tão sofrida

Como poeta, eu me perco nas palavras
Como ser humano, nos sentidos
São dois lados singulares, divididos
E únicos de uma mesma face...

Sem disfarce, falo o que penso
E pensando falo o que sinto
Poeta é fingidor, porém não minto
E não me escondo neste escombro solitário
Apesar de iludir-me quando quero

Saliento com paciência
Degustando amor aos pedaços
Pela poesia que há de nascer.

Mas noutra parte viva
Fora desta alma de poeta
Tão sofrida

Há de viver em mim
Também
a vida

(Jair Fraga)

Ponto de partida – Poesia de parceria com Luciane Lopes

Rock'n'Roll o/

Eu quero ser o ponto que liga a sua vida a minha
E nos seus braços tricotar palavras de amor
Eu quero ser a linha que lhe falta para que saias da linha
Segredar saudades amenizando a dor

Mas se por acaso lhe faltar corda
Seu ponto de partida é meu coração
Mas se por acaso lhe faltar....
Acorda! seu ponto de partida
É meu coração

Eu quero ser a tua exclamação
Eu quero beijar teus dedos feito uma criança
Depois te carregar pra outra esfera
Pintar os teus olhos
Plantar outra esperança

Eu preciso ver a minha identidade
Eu ja nem sei ser louco é só saudade
Eu vou gritar na rua escura e fria
Que eu ja sei de cór, a tua poesia

Eu vou tecer um cachecol com teu gemido
Vou roubar as flores deste teu lindo vestido
E replantar em mim o teu refrão
Eu quero ser a tua decisão

Eu vou dizer meu céu
O seu destino
É meu coração
É meu coraçãp
Só meu coração

Parceria com Luciane Lopes
Musicado por Danilo Briz

sábado, 7 de maio de 2011

Relicário – Poesia de Clayton Pires

Pouco importa os poetas do passado,
eles dizem a vida de forma tão triste e tão bela:
parecem simples e insignificantes
quanto a pureza da primavera e suas cores
marcando andanças na querela de passos em luz
e não temem! fortalhões, não temem o mundo!

Tão desimportante o ato e o tombo
a escolha do roupante dos dias que se rompem sem pedir

[ tudo parece contínuo e melífluo
                                                 a fantasia de existir num sonho
                     que mesmo real
                                       seja intenso e doloroso como um parto e um tiro.]

procuro a imagem do hoje e sempre,
como se não bastasse o passado a história do cotidiano em tinta
tudo fosse branco e vazio como o céu que vejo agora.

[procuro a promessa travada na garganta
                                                                o grito de esperança ao intangível.]

Trago comigo um saco de ossos roídos 
                                          e troco por um conto mesmo de carochinha
que valha ao mínimo alguma matéria, algum suspiro de cigarras de verão.

Pensei em criar canções de acalentar lembranças
e espantar fantasmas que as atraem

um grito cortante um ato que surpreenda
essas palavras bradas
que não saem no tom
persigo em tentativas na melodia dos pássaros
mas minha voz não tem som
não tem som!

No vagão de minha infância vejo janelas e construções
todos uniformes e andarilhos em constatações
de um futuro cheio de estrelas borradas em guache.

Saudades daquela criança vaidosa de olhos puros de claridade,
antes de papai explanar sua metáfora
gritando um já sei.

www.creitoo.blogspot.com

Solidão

Rasuro no papel
Pra não deixar
Espaço em branco
Enquanto as horas
Senhoras
Do seu próprio tempo
Vão conduzindo
Os momentos

 
Jair Fraga

sábado, 30 de abril de 2011

15 minutos de fama

Não skype de mim
porque não ipod
já peguei seu badoo
seu orkut

vou ligar
no seu touch

e só pra calar seus anseios
mandarei um email
com fotos manchadas
mostrando os meus seios

Não se skype de mim
sem pagar facebook
e sem fazer nessa rede
15 minutos

a fama é a sede
de quem tem youtube

Se skype de mim
não vem com ipad
vou dizer bbb
te tirei da minha net

E mesmo que grite e edite
seu video no moviemaker
ou venha dançando de costas
o famoso moonwalker

meu amor, keepwalking
seus 15 minutos de fama
acaba-se aqui

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Eu não tenho culpa

Eu não tenho culpa
De não ser sol e nem mar
Nem de não ser vento
Para acariciar-lhe a face

Eu nunca fui cerrado
Nem serra
Vale ou campo...
Passageiro em alto mar
durante a tempestade...

Não tenho culpa
de não acreditar em seus santos
Nem cultuar, ou defender as suas cores...

Eu não tenho culpa
de estar sempre em
cima do muro
Sou o lado humano
Sou o lado escuro

Depende do barro
Nas mãos de um Ser
E da forma que ele dará...

Será o destino
Tortuoso
Escrito
e exposto
nas galerias
da vida...

Eu

Não

Tenho

Culpa...

(Jair Fraga)

Fragmentos XII

(...) E se prepara
Pois a vida é uma batalha
Onde não existe perdedor
E vencedor é tudo que vive
E vivendo entre cicatriz e ferida
Se deixa jogar o tão sonhado
Jogo da vida.

(Jair Fraga)

O Lado Escuro da Face

‎"O lado escuro da face só existe, pois que ha também o lado claro: É nessa conexão entre um e outro que se vê o ser humano, pois o certo e o errado nascem juntos, a partir deles é que se traça o caminho."

(Jair Fraga)

Fragmentos XI

‎"É preciso ver pra crer
Estar pra ser
Sonhar pra amar
Crescer, doer, amadurecer

Não adianta nem chorar
Leite derramado a terra absorve
Lagrimas de vidro secam,
Tempo perdido! "

(Jair Fraga)

Fragmentos X

"Felizes são os animais
Que só não são racionais
Por não possuirem pecados"

(Jair Fraga)

Fragmentos IX

"A esperança
É uma criança birrenta
Que morre e renasce
Por um pedaço de bala"

(Jair Fraga)

Fragmentos VIII

‎"Morre o sábio e morre o tolo
Como assim ha de morrer meu corpo
E o porco que me alimenta"

(Jair Fraga)

Fragmentos VII

Não
me vale
a graça
nem o ouro
guardado

Muito menos
as coisas
do passado.

Não
há palavra
Nem tablado
Que
me valham.

(Jair Fraga e Clayton Pires)

Fragmentos VI

‎"O sábia ao saber que sabia
Bateu suas asas e voou”

(Jair Fraga)

Fragmentos V

"Embriaguei-me de glória
Pois não havia vinho tinto
A altura de minha satisfação."

(Jair Fraga)

Fragmentos IV

‎"Hei de me conformar
com estrelas
Se eu posso ter
Galaxias inteiras?"

(Jair Fraga)

O amor é uma via de mão dupla

Às vezes me pergunto pra onde meus pés estão me conduzindo... Vejo minha vida passar diante dos meus olhos e quase nem vejo as obras que eu faço. A vida é uma construção, é um longo caminho de aprendizagem, nós caímos, nos levantamos, olhamos para traz e quase nem percebemos o quão importante é o tombo. A ferida as vezes é profunda, demora a cicatrizar, mas quanto maior a dor, maior é a aprendizagem e não é sábio falar, que é necessário cair, para aprender a levantar.
A sabedoria está no caminho, está na entrelinha, às vezes num simples rabisco na parede e muito já foi dito, muito!Porém, pouco foi escutado!
Persistir num erro é burrice! Sofrer por alguém que não sabe doar, também é burrice!
Muitos poetas já disseram que o amor haveria de ser eterno e não desconfio da veracidade dessas palavras, hoje apenas acrescento: Para o amor ser eterno, ele tem de ser que nem uma via de mão dupla, é dando e recebendo, falando e ouvindo, entende? Assim é o amor!
Olhe com os olhos da razão e deixe que a luz da sabedoria clareie seu caminho, que assim verás que quando nos entregamos de corpo e alma para outrem, nossos pés ficam comprometidos e assim é impossível caminhar, verás também que quando damos a mão, caminhamos unidos, podendo assim evoluir juntos.
E assim tem de ser o amor e assim será!
(Jair Fraga)

Fragmentos III

(...)Nunca recebi notícia do mundo animal de que um pássaro inconformado com a vida resolvera parar de cantar e voar, nunca!
(Jair Fraga)

Fragmentos II

‎"Mortos não aproveitam o sol" (Jair Fraga)

Fragmentos I

‎"O pássaro voa sem o peso nas costas,
que é o peso do pecar.
O pássaro não conhece o pecado,
por isso consegue voar”

(Jair Fraga)