sábado, 7 de maio de 2011

Relicário – Poesia de Clayton Pires

Pouco importa os poetas do passado,
eles dizem a vida de forma tão triste e tão bela:
parecem simples e insignificantes
quanto a pureza da primavera e suas cores
marcando andanças na querela de passos em luz
e não temem! fortalhões, não temem o mundo!

Tão desimportante o ato e o tombo
a escolha do roupante dos dias que se rompem sem pedir

[ tudo parece contínuo e melífluo
                                                 a fantasia de existir num sonho
                     que mesmo real
                                       seja intenso e doloroso como um parto e um tiro.]

procuro a imagem do hoje e sempre,
como se não bastasse o passado a história do cotidiano em tinta
tudo fosse branco e vazio como o céu que vejo agora.

[procuro a promessa travada na garganta
                                                                o grito de esperança ao intangível.]

Trago comigo um saco de ossos roídos 
                                          e troco por um conto mesmo de carochinha
que valha ao mínimo alguma matéria, algum suspiro de cigarras de verão.

Pensei em criar canções de acalentar lembranças
e espantar fantasmas que as atraem

um grito cortante um ato que surpreenda
essas palavras bradas
que não saem no tom
persigo em tentativas na melodia dos pássaros
mas minha voz não tem som
não tem som!

No vagão de minha infância vejo janelas e construções
todos uniformes e andarilhos em constatações
de um futuro cheio de estrelas borradas em guache.

Saudades daquela criança vaidosa de olhos puros de claridade,
antes de papai explanar sua metáfora
gritando um já sei.

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