terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Água da insanidade

Esqueci-me de comprar caixa de chuva
e por isso eu senti a dor da sede
e temi que a mim morresse qual um peixe
fisgado pelo anzol do esquecimento
mas a linha segurada era de anseios
e derreteu-se no calor de tanto medo

foi aí que me acordei dentro da noite
e percebi que ainda havia muita água
e me perdi qual um boi no colonião
a aranha segurava a minha mão
e os meus olhos soaram em desatino

a água que chovia era de monte
o amanhã não mais luzia a minha frente
temi que me enterrassem em contra-mão
e desejei que alí fizessem um velho totem
que coubesse também minha aflição

mas não morri , graças a Deus
que teve dó e não mais chorou
me agarrei na teia que tecia o horizonte
os pássaros não voavam, pintavam o sol
o ocaso me engoliu singelamente
e assim eu procriei com as estrelas

Jair Fraga V. Neto

Um comentário:

Giuliana disse...

Te achei. Adorei o que tu escreve. Passa lá no Jakutinga. Bjs