Esqueci-me de comprar caixa de chuva
e por isso eu senti a dor da sede
e temi que a mim morresse qual um peixe
fisgado pelo anzol do esquecimento
mas a linha segurada era de anseios
e derreteu-se no calor de tanto medo
foi aí que me acordei dentro da noite
e percebi que ainda havia muita água
e me perdi qual um boi no colonião
a aranha segurava a minha mão
e os meus olhos soaram em desatino
a água que chovia era de monte
o amanhã não mais luzia a minha frente
temi que me enterrassem em contra-mão
e desejei que alí fizessem um velho totem
que coubesse também minha aflição
mas não morri , graças a Deus
que teve dó e não mais chorou
me agarrei na teia que tecia o horizonte
os pássaros não voavam, pintavam o sol
o ocaso me engoliu singelamente
e assim eu procriei com as estrelas
Jair Fraga V. Neto
Um comentário:
Te achei. Adorei o que tu escreve. Passa lá no Jakutinga. Bjs
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